O Sindigraf-RS apurou na semana passada, por meio telefônico, a situação de gráficas de todas as regiões gaúchas de sua abrangência, com o intuito de verificar os impactos da pandemia de coronavírus sobre os negócios. A maioria dos 20 estabelecimentos consultados fechou as portas conforme decretos municipais, e quem as manteve abertas para atender as demandas essenciais – como hospitais e clínicas – está com produção reduzida. A suspensão dos serviços já provocou algumas demissões pontuais, mas a principal preocupação do empresariado é quanto ao futuro, pois não sabem se conseguirão recuperar as perdas.

Das 20 empresas contatadas, 11 fecharam suas portas no período recomendado para isolamento social, obedecendo a decretos municipais com essa determinação. Os funcionários foram dispensados ou ganharam férias coletivas. Outras nove permanecem operando conforme a demanda ou finalizando trabalhos, com equipe reduzida, esquema de plantões e funcionários do grupo de risco afastados. A maioria desses casos concentra-se na Região Metropolitana. Uma das gráficas participantes da consulta organizou uma escala por turnos.

Entre as gráficas de portas fechadas, alastra-se a preocupação com as contas. Sem ingresso de receita, muitas empresas estão preocupadas em como honrar a folha de pagamentos. Em duas gráficas da região metropolitana já houve demissão de sete funcionários, especialmente daqueles que estavam em contrato de experiência, e outras despensas são cogitadas. Uma delas estuda até mesmo fechar definitivamente se a situação persistir por mais 30 dias, outra considera lucro se conseguir chegar ao final do ano sem dívidas.

Incertezas e esperança de dias melhores

O futuro é um cenário de incertezas para o segmento. A maioria crê em ano difícil, evita fazer projeções e alimentar expectativas. Empréstimos bancários são opções já cogitadas por aquelas que declaram dificuldade em fechar as contas. Uma das reivindicações da categoria é o parcelamento ou adiamento do ICMS, bem como a redução geral da carga tributária. Fornecedores serão chamados para renegociação de débitos em muitas das companhias consultadas. Há dúvidas se as demandas futuras virão em número suficiente para compensar as perdas do período.

Há otimismo também entre alguns empreendedores, traduzido em uma esperança de melhora a partir do segundo semestre. Certas gráficas apostam suas fichas nas eleições de outubro como forma de alavancar resultados. A maioria abandonou as projeções de crescimento feitas para 2020 no início do ano, mas há quem creia em uma boa retomada, desde que a crise sanitária passe logo.

Força para prosseguir

O Sindigraf-RS agradece as empresas que aceitaram participar dessa consulta em um momento de tamanha dificuldade. Suas marcas foram preservadas, atendendo a pedido dos proprietários, para evitar qualquer repercussão em decorrência da exposição de suas marcas.

Esperamos em breve vencer a fase crítica de contágio do coronavírus para que todas as associadas e filiadas possam retomar suas atividades a pleno. “Neste período, é preciso ter calma. Os empresários gráficos devem focar em planejamento e atualização, para estarem mais fortes na retomada de seus negócios. Com trabalho e determinação iremos superar esta crise que atinge não somente o nosso setor, mas a economia como um todo”, afirma o presidente Roque Noschang, que está com todas as unidades da gráfica Triângullo – da qual é proprietário – de portas fechadas, até segunda ordem. “Acreditamos que logo tudo voltará à normalidade.”

Saúde e economia não precisam e não devem ser dicotômicas: são áreas interdependentes e, ao cuidarmos de ambas, fortalecemos o setor e a sociedade. Antes, durante e depois de qualquer crise, o segmento gráfico continuará sendo um dos pilares de desenvolvimento do Estado.